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Mostrando postagens de julho, 2010

Fugere Urbem

Ai como eu quero fugir daqui Que tal nós dois juntos num caminho vazio e cheio de areia e cheiro de mato? Te levo daqui, já te falei! somos dois foras-da-lei de sapato barato e passo largo Ai, esse gosto amargo da cidade! Decide aí, meu amor o que você quer: Andar de metrô ou de cipó? - Se perder no meio desse nó! ...Como eu vivo só Se fosse ao menos o pio do bem-te-vi entre as árvores sobrepostas! Agora eu sei que me resolvi viver pra andar de costas
A menina me disse que dissemina coração partido na História do Mundo, na Memória do moço do fundo do poço A minha sina é sempre duvidar do que a vida dá e do que a minha mãe diz - É achar que é só a menina quem me faz feliz

Love Hurts

Não quero que me entenda mal, meu querido só não entendo o que você quer me explica onde fica esse teu fim de mundo que meu coração vagabundo é pouco profundo me mostra um caminho que eu ando sozinho Não quero ser cruel, meu amor mas flor tem espinho e espinho tem dor!

Reta da Penha

Tudo geométrico me ataca do alto Tijolo, concreto - Tudo tão quieto daqui debaixo Tudo tão "penso" Tudo tão "acho" de formato e cor some na copa do mato Some e pisa na flor de cacto Trabalha e confia na nuvem cinza que cai do céu Voa e foge (de carro) desse carrossel

Interpreta

Eu vejo além do óbvio: Eu sinto! Daqui da janela eu pinto um quadro surrealista O moço sentado na cadeira (problema no ombro) olha pra fora pergunta a hora e o dia Olha pensando "ai como eu quero ir embora" e vai A mulher só quer dormir e sonha com o filho passando no vestibular (medicina - ganha um carro zero se fosse filósofo, não ganharia nada) - Essas coisas a gente sente quando olha e encara e pára pra pensar O ponto de ônibus vira um guarda-chuva a árvora vira montanha o cachorro uiva pra lua quando é o sol que bate na rua A curva da esquina é quadrada e a menina chora frustrada pergunta a hora e vai embora pro meio do Nada

Brasil Pandeiro

Eu amo esse Brasil de concreto queimado Derretendo no chão Eu ando nele todo e piso nas asas secas de baratas mortas pelo caminho Meu Brasil Pandeiro, escutai vossos coqueiros e o som da água (es)correndo no meu rosto És meu, Brasil! Provei do teu gosto, brinquei de desenhar na tua Paisagem os meus sonhos Sou eu, Brasil, Azul Anil A puta que pariu a luta que parou O coração que partiu

Pangéia

Guria torta, cria esperança morta! Criança tonta: conta carneiro o dia inteiro Esse coração exacerbado cansou de ser deixado de lado! Maturidade é aturar essa maldade em graça plena Eu, pequena, sou mais triste que você Eu me reviro de ânsia e rancor - sou menina sem cor Criança tonta, não me desaponta assim: sorri pra mim, estampa um fim nesse teu pano pra manga, anda Eu tô aqui e daqui não saio Eu não traio o meu desejo nem ponho medo Me conta teu sonho, teu Segredo Me dá um beijo que eu quero sentir cada pedaço teu Me dá teu Amor que o mundo já derreteu (só falta você e eu)
dança, criança nesse nuance de cor nesse lance jogado pro alto te faço epopéia sou seu Dirceu és minha Maria Dorotéia, pequena se joga prum lado, depois pra outro aparece num quadro quebrado pintado à óleo te olho te quero e espero agora só falta você me arrefecer numa nuvem azul suave coisa nenhuma! quero uma onda que apruma pruma canção distante quero você nesse instante banhada a cerveja você veja bem meu bem eu também amei então chega mais tanto faz a hora pode ser agora pode ser jamais mas chega em paz e não demora
assim, dotada de rodeios e devaneios me viro respiro o ar de mentira menina me atira na cama de tão amiga mendiga me diga me implora e implica ô saudade não faz voar meus desejos não seja gritos nem beijos seja somente o tato dormente a mente a dor a gente amor

Epopéia III

I Eu sinto o Inspirar tomar o meu peito com ar rarefeito de apaixonado E deixo de lado o "leite derramado" que já rendeu problema demais II Eu sinto muito por não poder dar ou fazer sentir a tua Solidão Mas das poucas coisas que fiz a mais importante foi essa ânsia de Explorar Eu te imploro pra mudar de lugar, de vida Te vendo, daqui do Mar, eu quero ter 16 anos de idade (ou talvez de Amor) Seria tarde querer isso agora? - que maldade, como o Tempo se demora! III Eu sinto o Vento e invento História de Conto de Fadas e me desafio dentro do espelho estranho o estrago vermelho que você me fez IV Eu sinto dor porque não sou de ferro e também erro (ainda mais nos últimos dias, meses, anos, vidas, mortes!) e como isso me agoniza! V Eu sinto a Brisa assim como sinto o Vento - ambos me abalam que eu desesquilibro e caio O que seria do Amor se não fosse o Primeiro encontro no campo, a flor, o mato? VI Eu sinto um perfume nato Daquilo que mal existiu, mas nasceu na minha cabeça de tant

Jardin du pan

Anoitece e eu passo aí com passo torto você não desce nem me pede pra subir Eu espero e peço perdão de pé junto no chão você muda de assunto Eu insisto em vão: amor tece dor anoitece e eu atravesso uma ponte tropeço no sabor de cada cor do pôr-do-sol Lá se foi o desencontro e aí vem o pranto tonto É tanto céu pr'um só pulmão! Vem, segura minha mão e esquece de vez toda essa confusão

Starry Night

Taí, eu queria ser estrelas Andar coberta de brilhantes, iluminar o caracol dos seus cabelos Se não as sou, perfiro vê-las assim de longe Cantando muda a canção aguda do embriagado Deitada num gramado fofo de pé descalço e cabeça cheia Que quando eu vejo esses pinguinhos de paz no Céu escuro eu quase não me seguro e abro asa - eu quero fugir de casa pra te alcançar no Céu Eu faço um aviãozinho de papel e levanto vôo e te encontro lá, aqui, ali em qualquer lugar

céu

Eu sou o Véu da noite o Cobertor de estrelas o Céu da boca eu sou louca por um beijo seu, sabia? - saboreio cada dia como se você estivesse aqui Mas eu sou de câncer (então não sou: eu sinto) eu sinto Dor quando te digo que tá tudo bem comigo Eu saio de fininho e te deixo aproveitar o dia sozinho

403

Chega a madrugada e eu atravesso o corredor com travesseiro debaixo do braço e passo apressado no piso frio Olho de um lado e de outro pra ver se tem ladrão, barata ou buraco no chão e sigo pra cozinha - de onde vejo a fumaça do cigarro da vizinha

ponto final

chega de moça tonta de beber demais da conta de nega arrastando o pé debaixo da mesa chega de ver e sentir beleza nos olhos desvairados de rostos quase que desnaturados chega de verdade e diga olá às doces mentiras contadas em ordem cronológica

comofas

Os dedos não acompanham o ritmo das idéias as muitas, muitas idéias desperdiçadas, embaralhadas na folha de papel N'um canto uma letra, n'outro, um sentimento e a tentativa de juntar tudo e fazer Poesia Os medos não acompanham o ritmo das vontades as loucas vontades derramadas na forma de mel doces, salgadas, amargas, às vezes Como escrever isso tudo num caderno? deitando as palavras prum descanso eterno e pacato sem novidades, sem vontade, sem sentimento! despeja tudo, toda cor, toda idéia nessa logorréia - Vomita palavra imita Poesia e põe essa hipocrisia pra dormir que já tá deitada e agora só falta a pa gar
É tanto sol batendo na copa do arranhacéu é tanto céu pra tanto mar Que eu me pergunto o que é pouco nesse lugar louco?

Cantiga de Amigo

eu canto um arranjo de trovador praliviar o peso do meu amor e amortecer o pecado de cada dia que me vem o tempo nada e desancora a incerteza que me aflora! eu canto sem saber a história de cada dia que me vem praliviar o peso do meu amor veio uma cantiga breve de assobio leve e solto de cada dia que me tem a incerteza que me aflora complementa e se demora ornamenta a minha memória de cada dia de ninguém

Recaída

Você... ...Cê volta pra mim assim, sem saber. Nas noites mais escuras, nas tardes prematuras, nas madrugadas sem fim Você vem e arranca do meu peito um suspiro suspeito de quem não vive sem encanto e não encontra jeito pra esse nó; Suspiro de quem vive só.

Eita Ferro

Esse senhor me arranca a calma como se até fosse pedaço da minha alma Estranha essa dor passiva que derrama esquiva e foge com o céu e pedaço de mar e amor de papel Esse espaço é torto e infinito e eu o cultivo com tamanha destreza que andam dizendo por aí - vai imaginar que por acaso caí no buraco da Solidão

FYI

quanto o mais eu danço, o mais eu canso dessa balada bete balanço que bate encantada, tocando em cada canto, tudando em cada nada só preciso dessa vida amarga e de uma pitada de açúcar pra ser feliz

Dança

o desaforo que diz o meu nariz arrebitado é dito na boca, no olho, no outro lado do meu rosto (o lado abstrato) eu não levo pra casa essa cabeça rasa a deixo plantada no jardim logo antes de abrir a porta e o que me conforta é que tudo, tudo tudo estava virado! e eu me viro pra ver se é de agrado... mas nada! só entro no jogo porque "o amor é jogo", e jogo pode até não ser meu forte, mas o amor é o meu norte que me fortifica e com norte dentro da menina, como não dançar?

Biexo

tem um bicho escalando o vidro da janela grudado no céu vidrado numa nuvem carregada Sobe, bichinho, anda sozinho - dane-se o grito do vizinho, foda-se a pedra no caminho! Eu deixo meus olhos pousados no bicho - formiga, mosquito, sujeira, lixo Eu deixo fluir o trajeto deixo o bicho quieto beijo o lixo (in)concreto, tranquilo. Ah, se eu fosse bicho...! o meu mundo seria pleno e muito menos pequeno.

Com cor, dança.

Eu não sou o que sinto e quando digo ser, é porque minto Eu não vou lá ser o que você quiser ver, mas sim o que eu sempre fui assim, afim d'uma boa e velha rima auto-explicativa pra falar o que eu não sei ou o que não sou e dizer aonde vou com um som equivalente à Canção que a gente são.

It's a Shame

Sabe que olhar essa chuva traz de volta coisas antigas de sentimentos novos não me solta, essa lembrança de tanto tempo atrás que o vento traz e me tira a paz e me rerira e volta assim d'um lado pro outro Sábio é aquele que se permite lembrar mas não esquece o presente e não ignora o que sente Já eu, burra levo uma surra do Passado e passeio na noite escura sem saber o certo nem o errado