às vezes o coração que dorme levanta escala a garganta coas garra afiada e sai pela boca e eu não digo nada e me chamam de louca eu fico calada os calo na mão, a garganta inflamada, a má dicção, a fala embolada às vezes eu acho que fico engasgada com tanta emoção que encontro a troco de nada eu não sei se tô louca e se louca é ruim eu tô rouca de voz e tô fora de mim mas às vezes é certo sentir-se acuada que é tanto estilhaço que surge na estrada vou catando graveto com a mão e poeira com a sola do pé e um dia ainda dirão que o sujeito mais são é o louco que anda com fé
por mais que a gente se aguente, descrente, essa tríplice entente ausenta-se, apaga e pressente a tal primavera dos dentes. o grito prolixo velado, um dístico místi-ca-lado sem rima alternada nem verso quebrado é cabeça, ombro, joelho, pé, brado. o cuspe da tua saliva, (por mais que me pareça viva) corrói a parede do estômago o pâncreas, barco à deriva. te espero com forças e formas e farsas e folhas e fardos e escolhas e escapo com rotas e rimas e rodas e remos e rimos, sozinhas, das bolhas e calos nos pés.