Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2012
ninguém aqui mais que eu sabe bem o que é esperar sentado sentindo (muito) mudo o passado. ninguém além de mim (também você... enfim), ninguém além de nós escuta essa voz ditar tão de perto um estado incerto

"queira"

se não quiser, não diga - a briga o dia adia e abriga. fica a (ou à) vontade (mas se quiser,  não tarde) eis-me, póstumo ex-tudo (um estúpido ato mudo) insistente  tentativa  de dissimular o alarde seu olhar desmantelado (o refri no porta-malas) e esse carro abre alas pruma onda se aprumar... esse dedo serpenteia na mão cálida estrangeira "se quiser, não tarde" - e  se não quiser? "queira".

o rio

a mata virgem ciliar desse rio risco no mar me afoga urgente o rio enchente o brio orgulho e mergulho (só)  a marca d’água desse canal (náufraga mágoa que engulo sem vontade prima de compensar meus arredios passos pra trás),  desmerecida e viscosa voz da vaidade que minvadiu, permeia sombras galhos e a foz da margem sóbria fugaz do rio

dois nós

isso só pode ser errado você é sensível e eu também e a gente assim: num vai-num-vem - isso é coisa lá que se faça? você é todo (e eu sou é farsa: forço um cinema nas entrelinhas do nosso esquema retardatário), você é vários e eu sou de versos isso só pode ser arredio - amor covarde de quem se esconde por entre grades de "quando?", "onde?" - isso é lá cena que se interpreta?  você é meio e eu sou completa e "o amor é feio", "o amor é briga"... isso é coisa lá que se diga? de cada lado, eu vejo um pranto queimar calado num desencanto - perene, vil. você é poema e eu sou poesia e o cinema acaba aqui: sala vazia, cortina rala, rostos cansados e dois nós

passatempo

eu, escrava da saudade, escrevo é sempre tarde que é quando eu te quero mais: prum beijo e a mão pousada sobre a sempre e sua e minha na toalha da cozinha - sobre o poro do meu pulso. o relógio marca as horas o horário é todo avulso e a certeza não demora: o tempo já passou.

nenhum olhar

eu te lanço um olhar e descobrimos juntos a origem das palavras. uma confissão serena durante a tarde vazia. fazemos troça e traçamos planos pros mais de dois dias. a gente atrasa e se demora nos gestos retóricos da conversa. são quatro e meia e a mão passeia, dispersa, no braço do sofá - você me lança nenhum olhar. eu não ligo. finalmente, alguns anos depois, são quatro e trinta e dois.