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dois nós

isso só pode ser errado
você é sensível e eu também
e a gente assim: num vai-num-vem
- isso é coisa lá que se faça?
você é todo (e eu sou é farsa:
forço um cinema nas entrelinhas
do nosso esquema retardatário),
você é vários e eu sou de versos
isso só pode ser arredio
- amor covarde de quem se esconde
por entre grades de "quando?", "onde?"
- isso é lá cena que se interpreta?
 você é meio e eu sou completa
e "o amor é feio", "o amor é briga"...
isso é coisa lá que se diga?
de cada lado, eu vejo um pranto
queimar calado num desencanto
- perene, vil.
você é poema e eu sou poesia
e o cinema acaba aqui:
sala vazia, cortina rala,
rostos cansados e dois
nós

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às vezes o coração que dorme levanta escala a garganta coas garra afiada e sai pela boca e eu não digo nada e me chamam de louca eu fico calada os calo na mão, a garganta inflamada, a má dicção, a fala embolada às vezes eu acho que fico engasgada com tanta emoção que encontro a troco de nada eu não sei se tô louca e se louca é ruim eu tô rouca de voz e tô fora de mim mas às vezes é certo sentir-se acuada que é tanto estilhaço que surge na estrada vou catando graveto com a mão e poeira com a sola do pé e um dia ainda dirão que o sujeito mais são é o louco que anda com fé

amor-te

eu passo o passado pra outra medida trancada num fardo de fera e ferida de fato, a vida é a morte esquecida o desejo de volta é o desejo de ida. meu passo é pesado na outra medida não grita nem cala apenas valida a parte da fala que foi corroída: te pertenço morta te pertenço viva. "A nossa  vida  é a mesma coisa que a  morte  -  n'outra medida ." - Cecília Meireles

desp(ed)ida

os estrondos estão prontos para estourar estalos tontos tanto que nos calamos em sussurros, respiros sorrisos, vícios pontilhismo impressionista que a gente precisa em metonímia acasos, pancadas, socos, chutes, um livro de poesia min(h)a - duas taças de argentino troglodita floral sou xiita de amor tal que tardo no retorno ao morno ninho ao murmurinho do meu endereço porque o fogo etílico da cafeína me ensinou - em sina a compensar com pesar uma ausência inata de flores no meu jardim de ímãs na minha geladeira