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Mostrando postagens de setembro, 2011

releitura

quando entre nós só havia uma carta certa aberta e amassada lida calada quieta dentro da gaveta restos de noite janela fechada um desfecho farto ponto fatal afinal um copo de café a espera d'água (créditos a Ana Cristina Cesar)

doce deleite

é um deleite te ler na prateleira deitada na televisão didática e/ou num pote, o (meu) mel. é melhor despir-se que se despedir te digo, é melhor deixar o corpo se entender se entranhar no drama. é um prazer todo meu, te ser - todo o céu - na grama e é gramaticalmente correto amar - substantivo concreto amar - go
estou embriagada e muito obrigada, grata grogue de cada gole da sua água que eu guardei pra dias secos você me liga de volta você me solta de ida e eu queria muito saber o quanto eu aguento do desalento da sua ausencia presente em mim

bicho do pé

sujar o pé é uma arte sujar o pé é para poucos pros loucos no estandarte da felicidade, roucos de gritos e nomes escritos numa areia que empoeira suja, enoja, corta e rala a pele morta e endurecida dos despropósitos da vida: andar descalço de cautela tropeçar em erros vis pular do muro pra janela pra catar carambola depois da escola com meu irmão e meus primos

a solitude em sublimação

eu te observo daqui de dentro do ventre do centro do mundo a fumaça do teu cigarro é uma lágrima que afunda mansa e dança o derrame da melancolia os teus pés, trêmulos, cantam a melodia do passo firme, do piso falso é um clamor descalço à identidade de quem se esconde em fantasia eu te vejo daqui de fora e é tudo embora não haja nada pesadas são as verdades como num jogo de tribunal os fogos são de artifício e o que é racional não queima do mesmo jeito: teima em ser perfeito quando a pérfida vontade de ser outro arde o peito e permanece no seu leito de vida a mentira morre

regente lua

nós somos um teatro de astros, um drama somos duas vezes quatro pra cada extremo de (nossos) nós. somos sós - o retrato duma peça: temos pressa pra tudo e saco pra nada temos amor à sorte e asas pra queda na vida noturna dos constantes sonhos - sonhos construídos com ruídos e pó & cia. temos visto, mala e cuia pisamos em destroços deitados dispersos somos quase mochileiros e nossa casa (,) une versos.

interna

eu acho que faz tempo desde a época da epopeia aquela vibe de pangeia que num rimava, necessariamente e paulatinamente eu construía o universo que eu queria num verso livre como eu também queria ser contigo e eu acho justo tomar o susto que você deu quando me disse todos os lances - eu solucei, sem solução porque eu pensava em campos vazios em metros mínimos e inimigos homônimos em suas costas num uniforme e me dava fome! então some, tenta fugir trate de se aparecer apenas em outros planos in equos troianos, em outros presentes ou em passados insanos que os nomes depravados não me largam nem me soltam seus jeitos voltam tanto que não dá mais para dissociar o amor finado do próprio ar que eu respiro rarefeito - cadê as décadas insones e despedidas contínuas de antes de agosto? e o êxtase súbito do seu rosto cálido cantando em desgosto? sim estão todos deitados dormindo profundamente (*créditos a Manuel Bandeira)
vou assim, na inércia, não repare nem me impeça de escrever com pressa! compreenda e veja bem bem sei que somos sós, e somente sós que temos voz nesse debate - não me pare! não me mate! mas escuta: pára de achar que procuramos. a gente acha, apenas, encontra e se adentra. é um presente que o passado já deu, denunciar o silêncio do que a gente quer. escuta, calma! vai dizer que não quis dizer loucuras de amor pra amortecer a dor de se perder? não é na alegria comum nem em lugar nenhum que nos encontramos; é nos defeitos e problemas que nos atam. nos nós que nos maltratam, tratamos de esconder desejo latente um beijo secreto de apenas afeto in concreto. não termina aqui! não corre! que eu quero te falar o que guardei por dias, meses, anos, das vezes que fiz planos: não foram de mentira! menina, me tira daqui que eu vôo pra onde quer que seja! você veja que eu te falo e que eu grito e chamo você assim que eu te prezo mais que a mim que eu te amo e espero, enfim a longo prazo que o atraso