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Epopéia III

I

Eu sinto o Inspirar tomar o meu peito
com ar rarefeito
de apaixonado
E deixo de lado o "leite derramado"
que já rendeu problema demais

II

Eu sinto muito por não poder dar
ou fazer sentir
a tua Solidão
Mas das poucas coisas que fiz
a mais importante foi essa
ânsia de Explorar

Eu te imploro pra mudar de lugar, de vida
Te vendo, daqui do Mar,
eu quero ter 16 anos de idade
(ou talvez de Amor)
Seria tarde querer isso agora?
- que maldade,
como o Tempo se demora!

III

Eu sinto o Vento e invento História
de Conto de Fadas
e me desafio dentro do espelho
estranho o estrago vermelho
que você me fez

IV

Eu sinto dor
porque não sou de ferro
e também erro
(ainda mais nos últimos dias,
meses, anos,
vidas, mortes!)
e como isso me agoniza!

V

Eu sinto a Brisa
assim como sinto o Vento
- ambos me abalam
que eu desesquilibro e caio

O que seria do Amor
se não fosse o
Primeiro encontro no campo,
a flor, o mato?

VI

Eu sinto um perfume nato
Daquilo que mal existiu,
mas nasceu na minha cabeça
de tanto eu imaginar

Imito o tilintar d'uma taça de Champanhe
e o som dos córregos limpos
E crio um cenário
de expectativas

VII

Eu sinto as águas-vivas
as almas cativas e o Sangue Latino
correndo fino na minha veia
E se você disser que eu desafino, amor
Eu risco na areia uma partitura inteira
e te provo o contrário

VIII

(às vezes)
Eu me sinto um otário
um idiota completo
de tanto que comprimo
o Amor n'um só pulmão
Me escondo num armário (sem duplos sentidos)
no meio dos vestidos e
encontro sempre - sempre
um poema antigo
uma cantiga de amigo
pra qualquer alguém
que nunca esteve comigo

IX

Eu sinto uma luz vindo de trás da porta
que me olha torta e me convida
a mexer com Fogo
e brincar com a Vida
(duvido que isso me leve a algum lugar
prefiro ficar aqui)
Eu sento na cama que me conforta
e me escondo até o sono passar

X

Eu sinto que te quero
(costumo saber bem disso) e
não deixo isso deixar de ser
Pois sou e sinto e quero ver
(depois d'um litro de vinho tinto)
o teu parecer

XI

Eu sinto que finalmente consegui
te sentir aqui
E por isso eu agradeço
aos Santos que mal conheço
pelos tantos dias
(que finjo que esqueço)
passados no rastro do teu caminhar

XII

(No ar onde você passar)
eu sinto o teu Coração pulsante
e a Cor do teu semblante
(e gosto disso,
desse texto,
desse vício)

XIII

Sinto tanto que
Sento tonto
pra conter o meu Desejo
não sei quem sou
nem o que vejo

Mas sei que sinto
(como n'um filme sem cor)
a tua voz
me pedindo
mais
e mais
e mais
Amor

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às vezes o coração que dorme levanta escala a garganta coas garra afiada e sai pela boca e eu não digo nada e me chamam de louca eu fico calada os calo na mão, a garganta inflamada, a má dicção, a fala embolada às vezes eu acho que fico engasgada com tanta emoção que encontro a troco de nada eu não sei se tô louca e se louca é ruim eu tô rouca de voz e tô fora de mim mas às vezes é certo sentir-se acuada que é tanto estilhaço que surge na estrada vou catando graveto com a mão e poeira com a sola do pé e um dia ainda dirão que o sujeito mais são é o louco que anda com fé

amor-te

eu passo o passado pra outra medida trancada num fardo de fera e ferida de fato, a vida é a morte esquecida o desejo de volta é o desejo de ida. meu passo é pesado na outra medida não grita nem cala apenas valida a parte da fala que foi corroída: te pertenço morta te pertenço viva. "A nossa  vida  é a mesma coisa que a  morte  -  n'outra medida ." - Cecília Meireles

desp(ed)ida

os estrondos estão prontos para estourar estalos tontos tanto que nos calamos em sussurros, respiros sorrisos, vícios pontilhismo impressionista que a gente precisa em metonímia acasos, pancadas, socos, chutes, um livro de poesia min(h)a - duas taças de argentino troglodita floral sou xiita de amor tal que tardo no retorno ao morno ninho ao murmurinho do meu endereço porque o fogo etílico da cafeína me ensinou - em sina a compensar com pesar uma ausência inata de flores no meu jardim de ímãs na minha geladeira