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Epopéia IV

I

Eu ando meio desligado
errando o chão
sem sentir meus pés -
Sem sentir Paixão -
Seria errado?

II

Eu ando de costas
pr'achar respostas do Passado
e só encontro Pó.
Vivo só comigo -
só consigo abrigo assim:
Ninguém mais além
de mim

III

Eu ando assim de pé descalço
e alcanço o passo
e piso em falso
na Rua de Pedras
(porque tudo que é de pedra
é mais romântico)

IV

Eu ando sempre armado
a Ferro e Fogo
e firo e mordo
e durmo morto

Respiro pouco
para poupar esforço
e forçar um sono
- Mas como demora!

Enquanto o sono não vem
Eu vou passear na Lua
lá fora

V

Eu ando nu
numa Praia Vazia (minha Utopia)
Eu quero entender a tua fome:
você some e volta
e me come
como quem começou a
amar Quem eu sou

- Mas Amor não era Jogo?
De onde vem esse Fogo?
Seria do Inferno do Céu da Boca
ou do Coração?

VI

Eu ando e corro e.. - Que horas são?
Eu subo morro, eu quero Ação
Você vem atrás (atrasada, é claro
e acha que eu não reparo)

Mas eu não ligo, meu bem
(bem que queria me importar)
Você é minha - por enquanto
e eu sou eu
e desencanto
de tanto em tanto

- Ai, como sou tonto de
Medo, de Espanto -
Dispenso segredos e canto

VII

Eu ando na Estrada
e você não sabe o quanto eu caminhei
pra chegar até aqui
Te vejo na bicicleta
e você sorri
e é isso o que eu quero:
Te ver assim
e as minhas portas tão abertas
e as linhas tortas
são diretas, enfim

VIII

Eu ando pensando
nessa nossa Aventura -
No Dia claro,
na Noite escura,
no teu Brado Retumbante
nas margens do Lago:
mosquitos
gigantes
por própria Natureza

E o Sol bate com destreza
na tua testa:
Me empresta a sua mão
que eu te faço
um Samba-canção

IX

Eu ando em vão
procurando alguma lugar seguro e isolado
pra te agarrar
com estes braços
Entre as cinzas e os Maços
de Cigarro

X

Eu ando cego
e me entrego de
Corpo e Alma
e você me acolhe
calma

Por que eu?
"Por que não?"
Porque sim.
"Então".

XI

Eu ando tão tonto,
tropeçando nas conchinhas na
Areia da Praia,
Com medo da Queda
e mesmo que caia,
o meu corpo continuará em pé
pra andar até
onde Deus quiser

XII

Eu ando vestido
com o seu colar de pérolas
escondido no Peito

Eu vou dar um jeito
de te dançar um Butô
que eu tô muito perto
de te querer
d'uma forma que nem eu quero

XIII

Eu ando com Preguiça
da Feira, da Missa, da Escola, de Festa
só você que me resta
(Só não sei se isso é bom
Só não sei se cê presta)

XIV

E ando, quase Vôo,
Crio asa
quando saio
de Casa

Mas meu Vôo é raso,
de filhote
- Seria isso o Acaso
ou a falta
de Sorte?

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às vezes o coração que dorme levanta escala a garganta coas garra afiada e sai pela boca e eu não digo nada e me chamam de louca eu fico calada os calo na mão, a garganta inflamada, a má dicção, a fala embolada às vezes eu acho que fico engasgada com tanta emoção que encontro a troco de nada eu não sei se tô louca e se louca é ruim eu tô rouca de voz e tô fora de mim mas às vezes é certo sentir-se acuada que é tanto estilhaço que surge na estrada vou catando graveto com a mão e poeira com a sola do pé e um dia ainda dirão que o sujeito mais são é o louco que anda com fé

amor-te

eu passo o passado pra outra medida trancada num fardo de fera e ferida de fato, a vida é a morte esquecida o desejo de volta é o desejo de ida. meu passo é pesado na outra medida não grita nem cala apenas valida a parte da fala que foi corroída: te pertenço morta te pertenço viva. "A nossa  vida  é a mesma coisa que a  morte  -  n'outra medida ." - Cecília Meireles

desp(ed)ida

os estrondos estão prontos para estourar estalos tontos tanto que nos calamos em sussurros, respiros sorrisos, vícios pontilhismo impressionista que a gente precisa em metonímia acasos, pancadas, socos, chutes, um livro de poesia min(h)a - duas taças de argentino troglodita floral sou xiita de amor tal que tardo no retorno ao morno ninho ao murmurinho do meu endereço porque o fogo etílico da cafeína me ensinou - em sina a compensar com pesar uma ausência inata de flores no meu jardim de ímãs na minha geladeira