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Interpreta

Eu vejo além do óbvio:
Eu sinto!
Daqui da janela
eu pinto um quadro surrealista

O moço sentado na cadeira (problema no ombro)
olha pra fora
pergunta a hora e o dia
Olha pensando
"ai como eu quero ir embora"
e vai

A mulher só quer dormir
e sonha com o filho passando no vestibular
(medicina - ganha um carro zero
se fosse filósofo, não ganharia nada)
- Essas coisas a gente sente
quando olha e encara
e pára pra pensar

O ponto de ônibus vira um guarda-chuva
a árvora vira montanha
o cachorro uiva pra lua
quando é o sol que bate na rua

A curva da esquina é quadrada
e a menina chora
frustrada
pergunta a hora e vai embora
pro meio do Nada

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amor-te

eu passo o passado pra outra medida trancada num fardo de fera e ferida de fato, a vida é a morte esquecida o desejo de volta é o desejo de ida. meu passo é pesado na outra medida não grita nem cala apenas valida a parte da fala que foi corroída: te pertenço morta te pertenço viva. "A nossa  vida  é a mesma coisa que a  morte  -  n'outra medida ." - Cecília Meireles
às vezes o coração que dorme levanta escala a garganta coas garra afiada e sai pela boca e eu não digo nada e me chamam de louca eu fico calada os calo na mão, a garganta inflamada, a má dicção, a fala embolada às vezes eu acho que fico engasgada com tanta emoção que encontro a troco de nada eu não sei se tô louca e se louca é ruim eu tô rouca de voz e tô fora de mim mas às vezes é certo sentir-se acuada que é tanto estilhaço que surge na estrada vou catando graveto com a mão e poeira com a sola do pé e um dia ainda dirão que o sujeito mais são é o louco que anda com fé

tripé

Fiquei com vontade de escrever pra salvar vida de ninguém além da minha Peguei a caneta e o papel - mentira, isso é romance Pousei os dedos sobre o teclado e teci uma Clave de Sol solta no branco tropecei no meu passo, caí do barranco Hoje eu manco.